Ele a viu em uma praça. A noite estava magnífica com o céu estrelado e a lua em sua fase cheia. Beleza realçada pela brisa branda que soprava deixando o clima pouco mais frio, invisível e quase nunca notada. Especial, é o jeito de classificar as pessoas que admiram as coisas que não vemos.
Uma rápida troca de olhares, entretanto o suficiente para perceber que ambos examinavam a alma, e não os aspectos do corpo físico. Sucedeu um único pensamento em suas mentes. “Já nos conhecemos em outras vidas.” O disfarce era com intuito de ser mais aceitável a sociedade. “Já nos vimos em outro lugar.”
Levantou – se revestido de uma coragem inimaginável. Quem o conhece sabe bem de sua retórica, e que ele teria ficado parado. Sabe – lá por qual razão tomou aquela decisão de ir até ela. Essa vontade o dominou de tal forma que seu corpo meio que se mexia sozinho. Caminhava com suas mãos nos bolsos de sua calça, na mente um silêncio transcendental. Repentinamente ele curvou a direita e sentou – se pouco a frente na parte de fora de um Café. Ele caia na real? Questão logo resolvida. A atitude foi improvisada quando notou a aproximação de um rapaz que a beijou. Olhou de relance e percebeu que ele sorria, mas ela... Ela vagava, não estava lá.
Resolveu dar um tempo por ali e esperar o momento certo de se aproximar.
Pouco mais tarde junto com um sopro gelado seu pedido chegava. Martinni Seco. Bebeu longas doses esperando que a sua hora chegasse. Bebeu tanto que mal sentiu seu corpo fraquejar, o cansaço acumulado do dia melhor dizendo dos dias com as muitas informações e a bebida o fez cair em um sono profundo ali mesmo onde estava.
Enquanto a garota deixava de ser uma boa companhia não respondendo a nada estava submersa em seus pensamentos difusos. Seu namorado havia ido embora respeitando o pedido dela que dizia “preciso ficar só”. A movimentada praça aos poucos esvaziava. A ruiva levantou meio sem rumo ponde- se a andar lentamente, olhar perdido emitiu um brilho suave. Ele ainda estava por lá.
Foi sem percas de tempo ao encontro dele. Lá chegando notou que ele jazia adormecido. Ergue a mão hesitante e tocou seu cabelo acariciando, ele não acordou, mas sorriu. Ela retirou o casaco e colocou sobre as costas dele protegendo do frio pouco mais presente. Inclinou e beijou a face, por fim o fintou durante um longo tempo. Foi após até o caixa onde pagou a conta dele após se retirou com um ar mais leve e uma nostalgia continua.
- Senhor... Senhor.
A voz suave da garçonete se fez ouvir. O jovem ainda sonolento repara tudo a sua volta não era comum acordar em ambiente tão diferente como aquele. Passou a mão em seu rosto forçando a memória para que ela cooperasse.
- Faz muito tempo que estou aqui a dormir?
- Sim. – Ela disse sorrindo e continuou. – Se consultar o relógio verá que são quase 4 da manhã, deve haver aproximadamente três horas desde que fez seu pedido.
Ele deu de ombros. Tentando melhorar sua aparência.
- Desculpe-me pelo transtorno. Poderia me trazer a conta por favor?
- Não Senhor. Sua conta já foi paga por uma jovem ruiva, essa acrescentou que cuidássemos bem do Senhor.
Ele se lembrou da jovem, do sentimento... Percebeu ao passar a mão no ombro uma peça de roupa a mais. A garçonete o deixou só. Ele pegou lentamente a roupa e trouxe a frente para cheirar, o aroma delicioso de sua dona ainda permanecia lá. Ele ficou com a impressão de ter sido perdoado por erros cometidos contra ela em outra vida. Levantou e pôs-se a caminhar para a sua casa. No caminho sentiu – se aliviado e derramou algumas lagrimas. Na verdade, elas saiam como as de uma criança.