domingo, 4 de dezembro de 2011

O Discurso

Era véspera de eleições e os candidatos estavam com seus discursos decorados. O primeiro a discursar era o Papagaio. Enquanto ele se preparava os macaquinhos ajeitavam as câmeras, os microfones e toda sorte de equipamento preciso. Estava uma verdadeira macaquice, só o Papagaio esbanjava glamour.

- Tudo pronto senhor. – Disse o macaco diretor em macaques, o candidato que tentava ser reeleito da bicharada não entendia a língua, mas decifrou o movimento.

Num discurso decorado ele virou-se para a câmera e com sua voz de taquara rachada se pôs a falar.

- “A sorte do ditador é que o povo é burro.” – Disse, citando Hitler, contudo ninguém entendia, pois ele era o único a dominar aquela língua estranha. O que bastava para que os seus eleitores o aclamassem. Na verdade não havia eleição, só os bichinhos pensavam ter.

Bem... Assim é o humano que acredita na democracia.


quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Metades

Metade cheio, metade vazio. 
Metade poema, metade poesia. 
Metade conto, metade verso. 
Metade crônica, metade prosa. 
Metade gramática, metade literatura  
Metade homem, metade menino. 
Tudo o que vejo é só metade, 
Tudo o que sinto é por inteiro. 
Aonde chego é só o fim, 
E nem sempre justifica os meios. 
Entre tantas metades e inteiros, 
Eu não reconheço mais o rosto que vejo no espelho.