sábado, 11 de dezembro de 2010

Tragédia Fatal - 08

A morte e nada mais

Se me permitem de agora em diante passo a narrativa para os momentos finais. É claro que me pergunto o que pensa o leitor, estaria torcendo por mim? São tantas indagações que irei deixar para lá, pois senão elas viriam a ocupar toda a extensão que deveria ser dedicada a história. Outro ponto que me tira desta condição de querer saber, é o simples fato de que nada irá mudar o rumo de minha história.

O tempo passa, as revelações acontecem e o fim jaz a porta. A luz se acendeu, de forma tardia fechei os olhos tentando evitar a claridade. Ora, ora... Conheço essa voz, e minhas investigações não levaram até ele, ainda bem que morderam a isca. Como murmúrios eles falavam, prejudicado pelo nervosismo não conseguir ouvir, agora sim era ligeiramente audível.

- Mike, você está péssimo. – Yuri era quem começava a falar, tinha um cigarro em mãos e fumava vagarosamente. – Tentamos entrar em acordo antes, será que nessa condição o ambiente vai favorecer o “eu aceito”?

Robert o da voz conhecida desatava a mordaça. Senti um incomodo forte, mas logo o alivio, minha boca estava livre daquele desconforto. Qualquer um gritaria chamando por socorro desesperadamente, se fosse antes eu faria igual. Nada de vizinhança, nada gritos, afinal ela me chamava de forma doce e encantadora. Em silêncio encarei Yuri, depois me virei um pouco vislumbrando a face marrenta de Robert. Sorri, decretando meu triunfo sobre cada um deles, ambos que estavam presente e aquela máfia que agia sendo encobertada.

- Vamos, me matem! O que esperam? – A voz saia em tom alto, era o som da soberania. – Nada podem fazer além, me matar é a vingança é tudo o que resta, afinal tenho a certeza que nada do que fizerem irá mudar o destino de...

Agilmente fui agarrado na garganta, Yuri apertava ela com uma força terrível. Sou dos que acredita na capacidade humana além do nosso entendimento, sendo assim, acho plausível dizer que a raiva tornou a força dele sobre humana. Sua face era horripilante, franzia o rosto e cerrava os dentes até que, desistiu de seguir seu impulso emocional virou-se dando as costas para mim, não houve tempo para me recuperar, um soco atingia certeiro em minha face. Gritei de dor, mas nada daquilo me fazia sentir medo. Voltei a olhar para ele e um sorriso ensanguentado se exibiu em minha boca.

- Aproveite, eu sou sua ultima diversão... – Gritei remexendo na cadeira.

- Esquece você quem sou não é Mike? – O redator chefe falava. – Sabe muito bem que posso tirar aquela matéria do ar no caso de você sumir, tentei conversar, mas nada feito. Dane-se você, bancando um a de herói nesse mundo de cobras... Já sabe o final, do seu conto de fadas? Robert dê um fim nele e vamos. – Se eu me importasse, a expressão dele me traria um pavor maior do que qualquer coisa antes me proporcionara, era sombrio e frio.

***

Na cidade de Belo Horizonte um jornalista que brigava por justiça. Do contrario de muitos ele não se vendera, seguiu seu sonho de infância, e dentre centenas, não milhares, ele renunciou o conformismo não desistindo de ir contra o sistema. Longe de ser o melhor jornalista investigativo, e seu feito é longe de mudar o mundo. Não faltou a Mike vontade de valer o seu viver, amou, sorriu, chorou, brincou quando criança. Trocou o futebol por livros, investiu fundo no que queria. Seu nome seria lembrado por uns que com ele conviveram, sendo em cotidiano físico ou digital. Esquecido pela grande maioria, o que não importar, algo importa depois que se morre?

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