quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Escrever e não Twittar

Acontecia como se fosse um ritual. Ele preparava sua xícara de café e se dirigia para frente de seu notebook. Após beber um pouco, depositava o café ao lado. Abria o documento do Word, primeira mudança era colocar a fonte Courier New; a segunda esconder a barra de tarefas. Era o mais próximo que ele chegava de uma máquina de escrever. Gostava dessa proximidade. Colocava alguns livros ao lado, comumente algo de Kafka, Bukowski e Stieg Larsson. Tinha ao seu alcance um bloco de anotações onde carregava suas ideias, duas canetas uma preta a outra vermelha. O rádio sintonizava em alguma frequência que tocasse Bach, ou musica erudita. Por fim um marcado de texto.

Digitava: “Escrever em forma de oração.”


Só então era capaz de começar a desenvolver algum romance em que trabalhava; algum poema, talvez buscasse compor algo novo. Olhava suas pendências, geralmente retomava o romance para não perder o ritmo da história o que ocorria com facilidade, por sua falta de planejamento dos capítulos.

Havia, porém um problema naqueles dias, que sempre o deixava a ver navios. O pensamento era interrompido e ele seguia para alguma mídia social, por vezes o twitter ou o facebook. E esses grandes trazem mensagens de seus amigos, nada que não pudesse esperar, ele se viu obrigado a responder e fez. Não demorou nada e lá estava ele twitando coisas distintas. Não raro sem nenhum valor.

Eu disse: “vou escrever”. E não entendo por que diabos estou no twitter agora.

Escreveu isso e twittou, faria daquilo uma nota mental depois, ou não. Talvez fosse apenas para alguém comentar, o que não aconteceu. Mas lhe veio uma ideia.

Já sei, vou escrever sobre alguém que queria escrever e entrava no twitter sem saber por que diabos fazia.

Uma garota deu repley dizendo que iria querer ler, o que fez valer da ideia verdadeiramente. Pensou com grande ênfase nos grandes escritos que poderiam não ter existido com o advento do twitter em suas épocas o que seria uma tragédia para a literatura mundial. Contudo a maior tragédia já havia sido consumada, o café havia esfriado.

2 comentários:

  1. Hahahah, prometo parar de te fazer escrever, ok? Mas viu, que acabou saindo algo, não foi? Eu gostei, menos do café frio. :*

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  2. Haaha estou gostando dessa meia parceria. Achei legal, e vi que não é um problema precisamente meu. ah o café esfriar é sempre uma pena. Obrigado, Mona.

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