terça-feira, 14 de setembro de 2010

Tragédia Fatal - 02

A Rosa Azul







Quando se fala em “por toda a vida” em um relacionamento conjugal, os mais velhos entre olham-se. Pensativo tentava compreender, até que abrir mão e resolvi perguntar. Eles não esperavam a questão vir a tona, suas faces voltaram a se encarar.
- Bem meu jovem, na vida a dois, se tem dois rumos. Um deles é após o casamento um aperto financeiro que dá para contornar, o tempo trará um filho, daí as coisas complicam... – O homem já vivido, começou seu relato com tais palavras. Olhou para cima fazendo uma pausa, notei que sua mão segurava a da mulher, fazendo singelas caricias. – Com o filho vem os verdadeiros problemas, não que seja algo ruim e até muito ao contrario, entretanto, se antes já estava difícil imagina agora com mais uma boca para alimentar. – Balançou a cabeça e prosseguiu. – Com isso o casal irá se ver cada vez menos, ele trabalhará mais. No fim das contas, chega um terceiro individuo que pode ser para um lado ou para o outro, que por falta de carinho acaba se entregando nos braços do outro.
Entrei em uma espécie de transe, fazia todo sentido. Quantas pessoas são escravas de suas vidas, perdendo o que é de suma importância, o amor. Percebi algo mais longe, eu sou um desses e se não tomar providências o meu casamento terá um fim igual.
O doce casal me olha, e quando vi pude entender aquele é o resultado, isso mesmo que eles queriam que eu percebesse a nua e crua realidade, estou indo ao abate e o alvo é a minha felicidade.
Eu andava nas ruas de Belo Horizonte com a rosa azul na mão, indo para minha casa, no caminho quase pude ouvir a voz da mulher dizendo, em tom claríssimo. “De nada adianta a rosa azul se ela não leva mudanças”.

Um comentário:

  1. Ainda me lembro de ouvir alguém falar que não sabia escrever ... adorei o texto willian , de verdade . Parabéns ^^

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