Eu devia ter oito ou nove anos, quando reparei aquilo.
Foi num dia calmo, como qualquer outro, que eu acordei pela manhã ainda sonolenta. Não houve complicação alguma quando fui tomar o café da manhã, tampouco ao tomar banho. De fato, eu não entendo muito bem o porquê de eu não ter dificuldade para com essas situações. Talvez seja o costume inveterado, não sei.
Havia névoa fora de casa. Eu mesmo, que sempre morei bem próximo à praia, não pude vê-la. Mamãe tinha medo de que eu me perdesse na vastidão dela, mas eu queria mesmo era tocar – ainda que a palma de minha mão não seja promíscua o suficiente para tal -, queria ver – ainda que meus olhos nada vissem senão fumaça branca -, queria cheirar – ainda que estivesse resfriada o suficiente para não sentir os sórdidos cheiros que emanavam dos esgotos.
Minha mão pairou por sobre a janela fechada do carro de meu pai; talvez eu não tivesse outra chance de ver aquele fenômeno cujo nome, até então eu desconhecia. Achava aquilo tudo maravilhoso, fascinante e curioso, também. Seria até agradável, me perder naquela nuvem que descera dos céus, só para gozar de minha privacidade.
No entanto não pude fazê-lo. Pouco a pouco, as casas de meus vizinhos e vizinhas começaram a reaparecer, o carro já em movimento. A sensação de paz que eu sentira naqueles poucos momentos de admiração silenciosa jamais se fariam iguais outra vez. Mas quando pude ver o céu, alegrei-me. Estava limpo, poucas nuvens escondiam a densidade do azul.
Foi uma maravilha, contemplar a primeira proeza que Deus inventara.
Não penso no céu, ou em névoas, atualmente. Possuo inúmeras preocupações; preciso estar sempre com o olhar fixo no chão para não tropeçar, se eu olhar demais para o alto não vou ater minha atenção no lugar por onde caminho. É isso que aprendemos a vida inteira, este fato ninguém poderá negar.
O problema é que eu vou ganhar uma enorme corcunda, se nunca desviar o olhar para o céu.
Juliana Vieira é moradora da capital do Rio de Janeiro, nasceu em 1995 e é gremista em virtude de um acordo. Nascida no Paraná (PR) é estudante e fascinada por música. (O que depende do momento, variando de "música de velho" até o heavy metal ). Pode falar com ela através de seu msn - j.uhvc@hotmail.com
Gostei muito do seu texto . Espero ter o prazer de ler mais textos seus aqui . Parabéns e boa sorte .
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ResponderExcluirOi, olha eu aqui! *-*
ResponderExcluirGostei dessa paródia,e que para mim expressa, um grande e único potencial, que se desenvolve a cada dia.
Lindo texto, o final brilhante. E como já foi falado, espero ler mais textos seus por aqui xDD.
ResponderExcluirTop d+, Lily!
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