terça-feira, 2 de novembro de 2010

Tragédia Fatal - 06

Marcas invisíveis

“... uma das coisas boas das histórias é como o tempo passa depressa quando não há nada de muito interessante acontecendo. Na vida real é diferente, e talvez isso seja bom.”
Stephen King


“... uma das coisas boas das histórias é como o tempo passa depressa quando não há nada de muito interessante acontecendo. Na vida real é diferente, e talvez isso seja bom.”
Stephen King
Ao olhar para minha mão Anna viu a rosa azul, tendo ciência do que aquilo representaria se houvesse oportunidade, o choro seguido de soluços lhe veio com uma fúria impetuosa, o arrependimento correu por todo o seu corpo lavando a sua alma, porém, não o suficiente para nos unir novamente.



Peço que deixem o tempo passar um pouco, não irei esconder nenhum fato, mas sou incapaz de traduzir em palavras o quão... eu me senti naqueles primeiros minutos. Como dito pouco tempo depois estava em minha casa, sim havia outra além da que Anna e eu morávamos. Situada nas proximidades da lagoa da Pampulha no bairro Garças, era uma casa bonita e espaçosa, entretanto eu gostava dela por causa do silêncio, que de tão profundo era possível escutar o som das folhas a balançar quando guiadas por rajadas de ventos.
A rosa azul caída sobre a mesa onde eu costumava trabalhar, os meus olhos seguiram a noite toda a finta-lá despercebidamente. – Uma longa noite, diga-se de passagem – O que sucedeu durante a noite tinha fortificado e reparado os danos causados por males passados, de forma surreal tudo voltava inúmeras vezes pior. O vazio aumentou drasticamente, os reparos cederam, um caos, tudo em ruína absoluta.
O dia amanhecia lindo, os pássaros vinham cantando, a aurora dispensa qualquer comentário, a natureza em equilíbrio aparente e eu distante nem percebi aquelas maravilhas. O dia se passou sem nenhuma mudança, o sábado foi completamente mórbido, onde migrei da cadeira para cama, da cama para o chuveiro, após olhar o nada pela janela, voltei a cama.
No domingo fiquei longo tempo olhando o teto, havia perdido completamente a noção do tempo. Senti fome, mas nada descia, me limitei a beber água. Quando escureceu novamente tive que encarar os fatos, e uma deles é que se nada fosse feito iria encontrar novamente Yuri. Peguei o telefone e liguei para o “chefe” que me atendeu e ouviu, sem revelar detalhes pedir para poder trabalhar da minha casa, ele não gostava da ideia, contudo se tratando de um de seus melhores empregados era melhor não correr riscos, permitiu pedindo que eu me reportasse a ele sempre que ocorresse alguma nova movimentação das minhas investigações.

***

Antes de Anna, como já dito, utilizava meu trabalho para fugir de mim mesmo, o que ficou ainda pior como era de esperar. Durante a semana que sucedia o acontecido, me isolei. Os contatos feitos eram extremamente necessários, em sua maioria assuntos de trabalho. Uns por telefone e em outros que era indispensável minha presença.
Na segunda fiquei a repassar minha investigação, retomando o rumo. Notei que minha capacidade de associar e ligar um ponto no outro estava mais afinada, percebi detalhes que tinha deixado passar antes. A pesquisa girava em torno do DETRAN, sendo mais especifico, dizia respeito às compras de carteira. Bom, não irei me aprofundar nesse ponto também, o que é importante saber é que onde há corrupção a gente “Grande” agindo. Fiscais, instrutores, policiais, investigadores e tantos outros que mal é possível dar dados cabíveis. – dadas as minhas limitações –
Interessante é que o mundo é sumamente pequeno, e uma surpresa terrível estava a me esperar. Acabei sendo soldado por um dos nomes envolvidos, ele me oferecia dinheiro em troca de silencio, a quantia era bem alta lembrando os números arrecadados por eles nessa trapaça. – por pessoa, uma única carteira pode valer 1500 reais apenas a prova pratica. – Rejeitei todas às propostas, ao telefone ele soltou um resmungo, parecia falar com alguém ao lado.
- Esse não é fácil como...
A ligação cessou, repousei o telefone sobre a mesa e fiquei a olhar o computador, tentando imaginar o que ou quem estaria por trás. Afinal, como eles conseguiram meu telefone? Contei mentalmente quantos sabia no fim obtive o total de quatro pessoas, sendo elas Carlos meu chefe, Yuri, Fernando que pouco será citado nesse relato podendo ganhar uma história depois de sua movimentada vida, o ultimo era eu, nem mesmo Anna sabia.

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