segunda-feira, 22 de agosto de 2011

A Dança da Destruição

Ele se olhava no espelho, abatido via o reflexo da derrota.

Era um jovem comum que não pensava na morte, apenas respirava a vida, esquecendo que o ato de viver é uma faca de dois gumes. – O que dá prazer te destrói, o que não dá também. Não importa o que faça será destruído. – Essa era – a dança da destruição.
Álcool e espelho, ingredientes de uma cena cinematográfica. O personagem abre o armário de remédios e os jogam no chão procurando os de efeito mais potente, pega alguns comprimidos e vai cambaleando se olhar no espelho. Normalmente chora, se desespera, falta chão... ou um abraço. Os escritores – de verdade – devem odiar ter que escrever uma cena dessas. – Um mundo de por quês? – Digo que devem odiar por se tratar de uma cena comum e retórica.

Todo esse relato se passa com o nosso jovem em questão. Sim ele esteve no espelho à beira do suicídio, seu roteiro meio alterado o fez rever seus conceitos. Deixou os remédios de lado e foi se sentar de modo que pudesse ver a lua.

Escolheu se deitar na rede, acompanhado da noite e das estrelas que cintilava no céu. Descobriu que algo ainda mais clichê que a cena no espelho rondava sua vida; o amor, e que quando se tem algo para lutar não pode simplesmente descer do ring. Quando a contagem se aproxima do fim, se restar um último sopro de vida deve ser dedicado a essa luta.

Saber o que se sabe. Reviver o que se viveu. Temer o desconhecido e mesmo assim tentar... “Tentar, poxa... Significa tanto.”

Lá estava novamente de frente aquele apartamento, do lado de fora, relutante em bater a porta. Bateu. Novamente dançava a balada da eternidade. Naquele momento via que não voltaria; deixaria acontecer e quando acabasse eternidade ou destruição não faria diferença. Pois, ele estaria dançando com ela.

2 comentários:

  1. Ao ler o texto me veio a mente uma música, um clipe na verdade FLERTE FATAL do Ira. Texto muito bom.

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  2. Não tinha percebido até tu falar cara e é, faria sentido ser trilha do texto. - Aliás o Ira se sentiria muitíssimo bem com essa honra. - kk Obrigado mesmo

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