terça-feira, 31 de agosto de 2010

Fragmentos


Não eram apenas folhas rasgadas... Era uma esperança que morria ali.

Todos já estão cansados de escutar que a vida não é legal, que a vida não é boa, que ninguém bate tão forte quanto a vida (fazendo menção do post em homenagem ao dia dos pais) e etc. Mas o fato de você saber não diminui a dor que proporciona.

Fim de noite de um dia qualquer, as lágrimas nos olhos já haviam secado, mas a dor ainda era presente. Sobre o efeito da raiva, Jack boy não fazia questão de nada naquele dia, mas isso não impedia o fato de seus olhos percorrerem tudo a sua volta na busca de esperança em uma sociedade perdida, isso se tornara um hábito para ele.
Muito barulho a sua volta, ele se encolhia para dentro de si mesmo, buscando um refúgio interior que cada vez era mais necessário. Lá no fundo, em sua “caverna” interior era o silêncio que imperava. Ali não existiam máscaras, ali não existiam subterfúgios para se proteger, estava desarmado ali dentro. A sinceridade cruel que reinava ali o atraia, sempre que precisava de uma dose de realidade.
 
Acorde...
Essa voz ao fundo o despertou, uma rápida olhada para o relógio demonstrando o descontentamento de estar preso ali, faltavam mais duas horas para a dita liberdade, para poder se recolher, longe do mundo, enquanto isso era preciso resistir. Com a determinação digna de um espartano ele se empenhou em manter os olhos abertos, ainda era necessário.

Com o olhar perdido ele vagava em um mundo paralelo, até que seu olhar se fixa em uma cena inusitada. Ele vê folhas se rasgando, pelo modo como foi feito, devagar, desistindo, ele captou a diferença do momento. Não eram apenas folhas rasgadas... Era uma esperança que morria ali, aquelas folhas rasgadas levavam muito mais do que simples palavras, levavam sentimentos que nunca iriam ser revelados, conclusões que se tornaram inúteis, reflexões que se tornaram vãs.

Ele que insistia tanto em sonhar, incentivava a sonhar, dar mais uma chance para a vida, mais um fôlego a esperança. Mesmo que muitas vezes ele mesmo não conseguia resistir, mesmo que algumas vezes ele se entregasse a revolta que explodia no seu interior ele insistia, incentivava os demais a caminhar junto com ele na contra mão. E para um sonhador como ele aquilo fazia diferença. Era muito mais fácil desistir, se entregar do que lutar, era muito mais fácil desacreditar os demais do que resgatar a esperança deles, e quando via outro perdendo a pouca esperança plantada, era mais que frustrante, era algo que ele não sabia definir com palavras.

O som da “libertação”, cabeças em debandada se retiravam e ele permanecera, tinha algo a fazer. Ao recolher aquelas folhas rasgadas, abandonadas no lixo ele tentava antes mesmo de tentar re-estabelecer algo, ele tentava provar para si mesmo que insistir sonhando não era acreditar em um ideal morto, tentava provar para si mesmo que era válido acreditar.

O conteúdo das folhas permanecera em segredo, as folhas que tinham sido cuidadosamente rasgadas impediam a leitura, e as partes que faltavam pareciam fundamentais devido à escassez do sentido. Ele só queria acreditar que tudo passaria, que era apenas uma época, um dia ruim. Ele queria acreditar que o sol iria raiar mais uma vez, iluminando por completo aquele coração para que assim pudesse compreender a mágica da vida. A vida mostraria isso ainda, ele desejava com total intensidade estar vivo ainda para poder contemplar novamente aquele sorriso.
 
Para tanto ele deveria prosseguir, um dia de cada vez, e aquele dia estava terminando por ali, era hora de se recolher. Jack Boy seguiu o seu caminho, sozinho levava consigo um sorriso no rosto e uma esperança no coração.

“Se podemos sonhar, também podemos tornar nossos sonhos realidade”
                                                                                  Walt Disney

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