quinta-feira, 28 de abril de 2011

As cotas raciais - Solução baseada na falsa compaixão


Nota: Esse artigo foi escrito pelo Nivaldo Elias Murad, engenheiro e professor e foi publicado no jornal O tempo faz muito tempo.

                Fui professor em escolas de engenharia federais e estaduais durante 34 anos. Fui, também, diretor de vários projetos industriais na área de automação. Com essa experiência na área técnica, mas também com os relacionamentos humanos, sinto-me confortável para emitir minha opinião sobre a tentativa de se impor ao nosso país o sistema de cotas raciais, a mais recente e demagógica banderia da esquerda.

                Meu primeiro contato com o assunto da raça ocorreu quando dois norte-americanos, brancos, escreveram um livro tentando demonstrar que os negros de seu país tinham um QI inferior ao dos brancos. Um aluno, fugindo do assunto da aula, me perguntou o que eu achava do conteúdo do livro. Eu demonstrei que, em cada fase da humanidade, uma determinada raça teve a primazia do controle tecnológico, militar e das ciências em geral. 

                A liderança exercida pela chamada raça branca, européia, é, ao contrário do que se pensa, muito recente. Outro ramo da raça  branca, da linha semita, os assírios e fenícios, habitantes do Líbano, Síria e iraque, e os judeus possuem uma civilização de mais de 5.000 anos, sendo que a mais antiga civilização européia, a grega, possúi menos de 3.000 anos.

                Quanto aos não-brancos, os chineses possuem uma civilização de mais de 10 mil anos – provavelmente é mais antiga. Os mouros, habitantes do norte da África, uma mistura de árabes com negros, portanto, mulatos, formaram uma civilização que foi dominante durante 700 anos (aproximadamente do ano 800 até 1492). Falar o árabe na Europa na época era tão importante quanto falar inglês hoje.
                Quanto ao sistema de medida de inteligência denominado QI, ele foi desenvolvido pelos europeus e, evidentemente, baseado no seu tipo de inteligência. Seria até estranho, portanto, que uma raça não europeia os superasse nesse quesito elaborado por eles e para eles. 

                Exatamente por não acreditar em superioridade racial, sou contra o sistema de cotas, pois seria o reconhecimento da insuperável superioridade do branco em relação ao negro, que necessitaria de uma muleta para se igualar ao outro, o que é evidentemente uma mentira. Seria, também, oficializar o racismo, mesmo que invertido; o mérito não pode ser deixado de lado por outras considerações, mesmo que essas estejam baseadas em boas intenções. 

                O sistema de cotas é um “quebra-galho” que politicos tentam demagogicamente introduzir para fugir da verdadeira questão que é a melhoria do ensino público. E, finalmente, ele não tem sentido em um país em que 75% da população tem sangue negro, raça que se pretende beneficiar.

                O filósofo Demétrio Magnoli demonstrou que, se o governo investir R$ 30 bilhões (um sexto do que o país paga em juros) a mais, por ano, nas escolas públicas, elas se equiparão às particulares. Assim, o único caminho possível  é enfrentarmos o problema da melhoria de escola pública, fugindo de soluções demagógicas e plenas de falsa compaixão. 

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