quinta-feira, 21 de abril de 2011

Inspiração a Dois



Folhas rabiscadas espalhadas pelo chão, algumas lapiseiras e canetas realçavam a bagunça, para finalizar, uma xícara de café frio. Acolhido pelo chão apoiava minha costa no sofá, no meu colo estava o meu violão, velho companheiro de guerra. Já rimei tanta bobagem sobre o amor, sobre tudo e nada; ele sempre vinha transformando as rimas em baladas. Protestos ou choro de tristeza não tinham lugar nas minhas músicas. Não que tudo estivesse bem, mas aquele momento era o de sonhar.


Depositei-o suavemente sobre o sofá, imerso nas notas que havia tocado de uma velha canção Let It Be – The Beatles- Estava esperando por ela, e bem na hora ela chegava. Outrora nosso romance seria transcrito para o papel em verso e prosa, ritmo e harmonia. As palavras viriam doces e ás vezes profanas, todas se tornaram delirante e extasiante. A inspiração vinha a dois, pois o amor não é só, é cúmplice.


No outro dia ela acordou ao som da minha voz a cantar junto com os acordes que dedilhava. Não era afinadíssimo, mas o esforço e a letra faziam isso pequeno, quase insignificante. Ela me olhava curiosa, por vezes sorria quando alguma besteira era dita, sendo assim ela riu durante todo o tempo. Sentou-se ao meu lado na cama e encostava-se a mim, ao final eu esperava aplausos e milhões de “mais um”, ouvir apenas um “bobo” seguido de um sorriso sincero.




Quem sabe eu faço um blues em tua homenagem. Eu vou rimar tanta bobagem.”

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